sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O Erro dos Anjos

Não é contingente observar, que há uma semelhança entre os erros dos anjos e os pecados dos homens. Não tenho o interesse de provar que o unificador entre as partes são de mesma raiz, pois os primeiros possuíam um conhecimento muito mais abrangente da graça e de quem era Deus, possuíam um grande conhecimento de si mesmos, muito maior do que o conhecimento humano. Os anjos possuem os méritos do conhecimento, todavia, os homens não os possuem. Mas, os homens são favorecidos pela ação da graça santificante em suas almas, que os elevam a Deus, fazendo-os, por desejo e esforço humano, juntamente com os dons do Espírito Santo, desejar permanecer em Deus.


O erro dos anjos decaídos deu-se quando no ato da criação ao contemplar três grandes mistérios, o seu criador, o conhecimento que lhe foi dado e a si mesmos. Os anjos vislumbraram Aquele tido por Belíssimo, o Altíssimo Deus, com sua Onipotência e Eterna Sabedoria. Eles compreenderam todos os seus atributos, que foram dados por seu Criador. Adentraram no mistério de suas próprias existências e viram em si, o reflexo da Beleza Divina. Viram que eram espíritos puros, seres imortais e não eternos, conhecedores dos planos de Deus e do motivo de suas existências, para adorar e servir a Deus Uno e Trino.

Pelo conhecimento da possibilidade do Verbo de Deus, Jesus Cristo, Ser não criado, existente desde toda a eternidade, Sumo Bem, Espírito Puro e Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Jesus Cristo encarnar para salvação de uma outra criatura, o homem, caso, esse desobedecesse a Deus. Deixando, Jesus, de ser um ser puramente espiritual e tornando-se um ser material, sofrendo a sua Kenosis. E, ainda, tendo os anjos a tarefa (ofício) de adorar e servir o Verbo Encarnado. Eles revoltaram-se, olharam para si, viram as suas perfeições, suas belezas, suas potências e preferiram a si mesmos. Pronunciaram, portanto, o seu non serviam!

Deus criou os anjos, todas as hierarquias, todas as funções, e deu a eles liberdade de escolha, para aderir a Deus, o seu criador. Alguns anjos preferiram a si e abandonaram quem é a Beleza, afastaram-se da Bem-aventurança Eterna; escolheram a si, e não o Sumo Bem, preferiram a ausência, em detrimento de uma Presença, escolheram o fim, o seu próprio eu, tornando-se indivíduos distantes do Amor.  Mas com o “desejo” de eternamente ser amados, escolheram a si, a miséria, do que a Suma Riqueza.
Aos Anjos, com seu conhecimento, de Deus e de si mesmo, a sua livre escolha tivera um eterno sim a Deus ou uma eterna negação ao seu Criador. Aos que não escolheram o Bem, uma ausência eterna os invadiu , foram destinados ao Inferno.

Por egoísmo e orgulho, esses deixaram a presença Divina. O egoísmo diz respeito a preferência de si mesmos que a Deus, e o orgulho faz referência ao fazer-se a si mesmos deuses e em consequência disso não serviram ao verdadeiro Deus. Abandonaram a Palavra de Deus, não acolheram a mesma em si e deixaram o Verbo, Jesus Cristo.

Com o distanciamento do Reino dos Céus, só restou para os demônios o inferno, onde a luz divina é ausente, onde a Beleza de Deus não se vê. Deus, por ser perfeito não pode se arrepender ou destruir algo que havia feito, pois esse algo criado participa da perfeição de Deus, por isso, mesmo com o não dessas criaturas, Ele não retirou nenhum dos seus atributos. Mas a esses que eram belos, saciados e iluminados, se tornaram horrendos, pois se afastaram da Suma Beleza e olharam para si, deparando-se com o que há de mais superficial, egoísta e orgulhoso, perderam aquilo que eles deveriam sempre desejar a Beleza Divina. Eram saciados e agora se tornaram insatisfeitos com o que são, mas também, com o seu estado.

Não há arrependimento naqueles espíritos malditos, contudo, há uma concreta sede da verdadeira fonte que é o Cristo, verdadeira angustia que corre em todo seu ser. A tão magnifica luz do Senhor de todas as coisas criadas foi perdida, tornando-se os seres mais sombrios, eles que iluminavam feito um pequenino astro que necessita da luz do Astro maior. Esses perderam o Belo, o Bem e a Luz; definitivamente, estão longe da Graça.

Aquele que era anjo da luz, tornou-se o príncipe das trevas junto de outros pobres anjos. O pecado dos homens deu-se no início da criação. Deus ao criar o homem, Adão, e a mulher, Eva, o fez a sua imagem e semelhança com a intimidade de falar com Deus face a face, como um amigo, Deus os criou com liberdade, com inteligência, ou seja, com capacidade de raciocinar. De todas as criaturas visíveis, só o homem é “capaz de conhecer e amar o seu Criador” (216); é a “única criatura sobre a terra que Deus quis por si mesma” (217); só ele é chamado a partilhar, pelo conhecimento e pelo amor, a vida de Deus. Com este fim foi criado, e tal é a razão fundamental da sua dignidade. (Catecismo da Igreja Católica, nº 356)

Seminarista Leonardo Ferreira

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