quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A dignidade da pessoa humana

O homem e a sua existência são alvos de diversas interpretações: religiosas, científicas, psicológicas, sociológicas, entre tantas outras. Esses pontos de vista, na maioria das vezes, tentam abranger de maneira total a existência humana e conferir a ela um sentido. Entretanto, algumas definições, senão todas, acabam por limitar o aspecto ilimitado e indizível dessa existência que transcende a própria capacidade cognoscitiva. 

Nas teses realistas, livres da desilusão contemporânea, em relação ao homem e ao seu existir no mundo, é possível perceber a concordância entre os pronunciamentos referentes à dignidade e à superioridade da pessoa humana. Todas elas cantam o mesmo hino, em tom uníssono, exaltando a beleza e a singularidade do homem, pois reconhecem no existir humano a força e a peculiaridade únicas de uma espécie que transcende às demais. Portanto, o homem traz em si uma marca indelével de dignidade, independentemente da sua raça, cor, nacionalidade, ou demais acidentes do seu ser, pois não são os adereços que tornam o homem digno, ou seja, o seu como, mas sim o seu ser.

Essa consciência de suas capacidades proporcionou ao homem grandes avanços científicos, mas também fez com que o mesmo se pensasse deus, retirando assim, da sua rotina, a fé, o culto e o divino. Grandes eventos históricos desestabilizaram o teocentrismo medieval, dando origem ao tão falado antropocentrismo, todavia, o Renascimento marca veementemente essa ruptura. Se antes Deus estava no centro da vida do homem e da sociedade, agora cada um era a sua própria divindade, o que arremessou a consciência humana no extremo da sua autossuficiência. O decorrer da Modernidade agravou por completo essa mesma situação, pois sendo o homem o seu próprio Deus, era superior aos demais.

É inefável a beleza do existir humano, com suas complexidades e singelezas, mas não se deve perder a capacidade de olhar o outro, quando o olhar é voltado para si mesmo. Possível é que o homem seja consciente das suas capacidades e ainda assim ame a Deus; que reconheça as suas fraquezas e a dependência do seu Criador, mas que por isso não se sinta tolhido a realizar grandes feitos. Enfim, o homem não diminui ao amar a Deus, ou sequer vive em “anos de trevas” por crer n’Ele, mas recebe a plenitude e a força de um existir completo e realizado.

Seminarista Matheus Muniz

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