domingo, 2 de novembro de 2014

Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos


Requiem aetérnam dona eis, Dómine: et lux perpétua lúceat eis. – Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno, e a sua luz perpétua brilhe para ele. (Introitus da Missa de Requiem - Forma Extraordinário do Rito Romano)

A princípio, quando meditamos sobre a morte, surge um certo desconforto dentro de nós que nos leva a pensar sobre a finitude. Perguntas passam por nossas cabeças: para onde vou? Sentirei alguma dor quando morrer? Serei salvo ou condenado? Apesar do desconforto sobre o tema, percebemos que dentro de nós existe algo que nos chama a aprofundarmo-nos nesse assunto e alcançarmos algumas respostas. Neste dia, 2 de novembro, celebramos o dia dos fiéis defuntos. A Igreja, que acompanha os seus filhos em todos os momentos, está presente também na hora da morte. Hoje, voltamos os nossos olhos para esse mistério e rezamos por todos aqueles que nos precederam e guardaram a fé.


A Morte não pode ser vista pelo Cristão como o fim de tudo, mas deve ser vista como a passagem definitiva para a casa do Pai, onde receberá todas as graças. O Catecismo da Igreja Católica nos fala que “Na morte Deus chama o homem para si. É por isso que o cristão pode sentir, em relação à morte, um desejo semelhante ao de São Paulo: ‘O meu desejo é partir e ir estar com Cristo’ (Fl 1,23); e pode transformar sua própria morte em um ato de obediência e de amor ao Pai, a exemplo de Cristo.” Mas, muitas vezes não vemos isso acontecer. Por que o homem tem medo da morte? Por que não abraçá-la como os grandes santos que, assim como São Paulo, diziam que morrer era lucro? O homem possui medo daquilo que é desconhecido. A morte é um mistério, por isso tememos e desejamos adiar o máximo possível esse encontro.

Féretro ladeado de velas acessas.
A Igreja, estando presente em todos os momentos da vida de seus filhos, oferece também os ritos de encomendação de sua alma a Deus. Os ritos fúnebres não são particulares do cristianismo, mas de todas as religiões. Os ritos presentes hoje no cristianismo remetem aos primeiros séculos, onde o enfermo, ao expirar, fechavam-lhe os olhos e o corpo era embalsamado. Vestiam-no com as melhores roupas e as insígnias de sua dignidade, eram ladeados de velas, que significam a vida. Ainda na antiguidade, era costume colocar no peito dos defuntos a Santíssima Eucaristia, assim foi necessário também haver um local reservado para a deposição do corpo, criando os chamados cemitérios, lugar dos que dormem, como um local sagrado. Os corpos eram deitados, com os rostos para o céu e o pé voltado para o oriente, simbolizando a espera pela ressurreição. Com o desejo dos cristãos de serem enterrados juntos com os santos, veio o costume de fazer o cemitério junto à igreja. Como os cristãos acreditam que a morte não é um fim, os ritos fúnebres muitas vezes eram chamados de triunfo. Essa liturgia, ao contrário do que deve se achar, é adornada de toda a solenidade possível.

Cemitério junto à Igreja.

Missa de Requiem.
Como já falava acima, vemos finados com uma visão pessimista, triste e que nesse dia não se merece nenhum tipo de festa. Mas, a visão da Igreja não é essa. A liturgia de finados sempre foi riquíssima de significados e de solenidade. Cada elemento é único e não é visto em outras celebrações. Essa diferença vai do modo de se tocar o sino* até o mais riquíssimo féretro. A cor, preta, dos paramentos e o canto fúnebre também nos introduzem ao mistério a que assistimos e nos ajuda a elevar preces ao Senhor, pedindo pela alma daquele irmão falecidos e que, na nossa hora, tenha misericórdia.

Peçamos, portanto, por nossos irmãos falecidos e que, quando a nossa hora chegar, possamos dizer como São Paulo “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé.” (2Tm 4,7) Que Nossa Senhora da Boa Morte nos ajude nessa passagem definitiva de encontro ao nosso amado Senhor Jesus Cristo.


*Sobre o tocar o sino, podemos ver o vídeo abaixo, que mostra o momento que os sinos avisam da morte do Papa São João Paulo II.


Seminarista Luiz Felipe

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