quinta-feira, 11 de junho de 2015

Criação - II Parte


3 - O Paraíso ou Jardim (v. 8-17)
A imagem do Jardim possui também alguns elementos que estão intimamente ligados ao homem. Pois, o jardim expressa primeiramente a vida; depois, expressa também um ponto de partida, uma origem; e por fim, mostra a harmonia da criação.


O Jardim é uma lugar que sempre está florido, pois ali há os elementos essenciais para a vida, e o principal elemento é a água, e é por isso que Deus faz nascer um rio de Éden, que irrigava todo o jardim. Com isso, o Jardim é o lugar cuidado por Deus, em que o homem não precisaria trabalhar para sua subsistência, pois, o próprio Deus faria nascer o necessário para sua sobrevivência. Assim, também entende-se que no Jardim, o homem teria a vida plena e a intima união com Deus.

O Jardim é o ponto de partida e é a sua origem, e é por isso que depois do pecado original, Deus promete uma terra de repouso e segurança, e o povo hebreu caminhará por muitos anos em busca dessa terra prometida. O homem que possuía uma terra e habitava nela, foi destituído dessa pela desobediência. Mas, agora a figura do jardim também evoca o Reino dos Céus, em que o homem deve ir em direção como peregrino aqui na terra, para alcançar pela obediência e graça os méritos para entrar novamente no jardim.

O Jardim também expressa a imagem da harmonia da criação, onde a diversidade de coisas criadas se unem para formar o mesmo belo, que mostra que cada coisa criada tem o seu lugar na harmonia criacional.

4 - A Formação da Mulher (v. 18-24)
A formação da mulher mostra que o homem não foi criado para estar e ser sozinho. Mostra por sua vez uma natureza social, em que o homem deve se enquadrar, como ser social.

Outro elemento essencial é o fato de que a mulher é tirada da costela do homem, e isso expressa a mesmíssima dignidade que ela tem diante do homem, nem superior e nem inferior, mas tirada do meio para unir-se a ele pela mesma dignidade e pelo mesmo amor. E assim, Deus diz: “e por isso o homem abandona pai e mãe e se une à sua mulher e os dois se tornam uma só carne (Gn 2,24)”. Deus proclama e institui a relação matrimonial, em que o homem e a mulher se unem para fazer nascer uma relação familiar, que será o berço educacional de todo homem.

5 - A Ausência de Vergonha (v.25)
O autor inspirado, recordando quem sabe a experiência da idade infantil, nota neles a ausência da vergonha, não como defeito mas como algo positivo, pois, a ausência de vergonha expressa uma inocência, que é próprio de quem não tem pecado, como as crianças. Pois, elas mesmo fazendo algo de errado não tem medo de se revelarem, pois, ainda não conhecem puramente a maldade.

Com isso, o hagiógrafo mostra os primeiros pais como seres totalmente dados um ao outro, que expressa por sua vez a perfeita relação, como a relação matrimonial em que um não tem vergonha do outro, como os grandes santos que na relação com Deus não tinha vergonha de acusar seus grandes pecados. Essa ausência de vergonha nos mostra a profunda intimidade dos primeiros pais com Deus no paraíso, onde eles eram completamente transparentes uns com os outros, e nada entre eles era escondido. Da mesma forma, também, assim como Deus se revelava plenamente ao homem, o homem se revelava plenamente em uma perfeita liberdade de relação bela, boa e verdadeira.

6 - Um Diálogo Cientifico 
A proposta hagiográfica encontra um campo bastante amplo na investigação cientifica, pois, o texto sagrado traz em si muitos elementos geográficos, e muitos elementos de cunho bio-psicologico e éticos. Mostrando assim no corpo do texto grandes linhas de investigação, umas que já são analisadas, como as questões geográficas, onde pela arqueologia já foram encontrados indícios em escavações de artefatos uma comunidade primitiva que poderia ser parte da história dessa primeira comunidade. Já no que se relaciona ao homem, em sua construção biológica e psíquica, já se estuda e tem indícios de que o homem poderia ter realmente evoluído, mas não da forma que Darwin propôs, mas de uma forma em que o homem primitivo no decorrer do tempo foi “evoluindo”, mas não mudando o seu Ser, mas agregando valores e conhecimentos em que o fizesse adaptar-se melhor aos determinados lugares em que habitasse.

7 - Sobre a Dignidade Humana
O texto sagrado sem dúvida quer promover o diálogo sobre a dignidade humana, pois como já vimos, grande parte dos elementos da narração Javista tem como objetivo mostrar a superioridade do homem na criação, onde Deus sopro sobre ele o espírito da vida, Deus dá ao homem a possibilidade de participar de sua imagem e semelhança, de sua intimidade.

Deus dá uma alma racional ao homem, que é capaz de liberdade, que é a própria essência de Deus. Deus dá ao homem atributos que são próprios dEle mesmo, para assim tornar o homem superior às criaturas, capaz de reger e guiar, de produzir e cultivar, e isso é próprio do homem, nenhum outro animal é capaz de relacionar-se com liberdade, só o homem, ao passo que os outros animais se movem por instinto.

Diác. Rafael Augusto

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