terça-feira, 9 de junho de 2015

A Criação - I Parte


Introdução
Gênesis 2,4b-25
No relato javista da criação do cosmos e do homem, o hagiógrafo prezou em colocar elementos que expusesse a perfeição, ordem e harmonia em que tudo foi criado, para assim, dar o verdadeiro sentido para que o homem foi feito. Essa gama de elementos implícitos no corpo do texto, por símbolos e situações, tomam um lugar de destaque na exegese, pois é nas entrelinhas do texto que está a grande densidade teológica. Por isso, há de se ter uma grande cautela no que se diz respeito à investigação e na leitura, para que essa leitura não se torne tão literal que extirpe todo o conteúdo teológico-espiritual do texto sagrado.
Os elementos principais que o hagiógrafo usa são:


1 - Terra e Céu (v. 4b-5)
O primeiro elemento é a criação do céu e da terra, onde o hagiógrafo além de mostrar um início material das coisas, ele põe em destaque que essa criação tem uma causa, tem um ponto de partida. Assim, o hagiógrafo deixa implícito o fim ultimo do homem, que só poderá ser encontrado quando ele conceber que toda criação parte de um ponto único que vai em direção a uma plenitude.

Quando se diz: O Senhor fez a terra e o céu, está querendo dizer também que, o Senhor fez (criou) as realidades materiais e espirituais, fez a terra para ser o caminho em que a verdade fosse plantada para no final dessa peregrinação o homem alcançasse a vida celeste. Assim, já se vê uma intima relação das coisas criadas, em que tudo decorre para uma relação de subsistência em que ambas as criaturas, inclusive o homem, viveriam em harmonia nessa terra formada por Deus.

2 - Criação do Homem (v. 7)
Na criação do Homem há dois elementos interessantes, o primeiro é que o homem é tirado do pó da terra, e o segundo é que Deus sopra nele o halito da vida. Esse dois elementos são essenciais para entender a diferenciação de todas as outras criaturas, uma vez que o homem é formado de corpo e alma, do pó da terra e de alma espiritual. Essas, especificidades dão a relação intima de Céu e Terra, onde o homem que vive no corpo terrestre caminha para a vida celeste, por sua alma espiritual.

Com isso, o hagiógrafo mostra Deus como o oleiro que é capaz de dar a forma e de infundir a vida em sua obra. Assim também, vê-se que o próprio Deus eleva a dignidade do homem, pois, Deus o forma do pó da terra, e soprando sobre ele o halito divino, o eleva sobre todas as criaturas, para reger e guiar, e para fazer o melhor uso delas, uma vez que, sua alma é racional, capaz de liberdade de escolha.

Diác. Rafael Algusto

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