segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Criticismo


Parte I

O Juízo Temerário é a crítica elevada, excessiva, arrogante e sem caridade. Esse tipo de atitude é dado por uma conduta soberba, isto é, por um indivíduo que se considera superior ao outro. De fato, o homem busca a perfeição, pois se reconhece imperfeito e tão logo passa a buscá-la como meta de felicidade, de forma que esta se torna um grande objetivo a ser conquistado, paulatinamente, ao longo de sua existência. 

Para nós cristãos, essa meta se chama santidade, ou seja, o rompimento com o pecado. E como exemplo de pecado podemos citar, além da soberba já dita, o egoísmo e o narcisismo. Logo, mais do que buscar a santidade é preciso vivê-la e para isso, é necessário sair de si mesmo e ir ao encontro de Cristo. 

Todavia, há homens que deixam de seguir o modelo de Jesus Cristo e passam a adotar o seu próprio “eu”, como critério de perfeição. Esse tipo de crítica ou Juízo Temerário é o excesso de critérios de perfeição que determina a característica do que está sendo julgado. E, geralmente, independe da perfeição, pois sempre estará com falhas graves. 

Esse tipo de crítica se dá, geralmente, de maneira extremada e sem o compromisso de ajudar o criticado, mas sim, com o intuito de menosprezá-lo. Às vezes, as críticas possuem até um fundo de verdade, mas nenhuma caridade. Assim, vale ressaltar que não é com o Criticismo que se auxilia o outro a crescer ou a melhorar. Mas sim, valendo-se, verdadeiramente, do amor.

Com relação à crítica desordenada, o que se visa é a satisfação do “eu”, por meio da desvalorização do outro. Isso, porque o crítico está cheio de si, cheio de orgulho, de vaidade e de soberba, ou até mesmo de medo... Temor de não ser aceito em um grupo, e de não estar fazendo parte de um grupo “seleto”, ou muito especial de amigos. Então, para demonstrar sua superioridade, acusa àqueles, que de si diferem, para que o foco das acusações seja sempre o outro, e não ele mesmo.

Além das críticas desordenadas, existem também as críticas destrutivas, proferidas com o intuito de trazer o mal às pessoas, diminuí-las e, literalmente, destruí-las. Esse tipo de crítica é caracterizado pela total ausência da caridade, da justiça e da misericórdia. Possui sempre o interesse de mostrar, que o “eu” é o correto, logo, essa crítica é sempre relativa. Assim, ela não tem como objetivo e critério, Jesus Cristo, mas o próprio “eu” do indivíduo. Por meio da crítica destrutiva, acredita-se que não se tem a necessidade de entender o outro ou de esperar que ele melhore, pois o foco é simplesmente destruí-lo. Sendo assim, o objetivo do criticado deve ser: nunca se igualar ou superar aquele que o critica. 

Além dos tipos de críticas, já mencionadas, vale ressaltar que o Criticismo apresenta-se direta e indiretamente, a saber: o Criticismo direto  ocorre quando a pessoa é diretamente criticada, sem o envolvimento de terceiros; logo, o indireto se realiza por meio de outras pessoas como, por exemplo, através de fofocas que acabam, aos poucos, deturpando a imagem da pessoa para as outras, que até o momento não possuíam essa visão da pessoa criticada.

O maior problema do crítico é que seu julgamento é feito, superficialmente, mas acreditando conhecer, plenamente, o outro. Não levando em consideração que o passado da pessoa pode influenciar diretamente no que a pessoa é hoje. Pois, mesmo se duas pessoas vivessem as mesmas coisas e situações, durante suas vidas, teriam experiências diferentes e perspectivas diferentes dos acontecimentos. Logo, teriam opiniões contrárias e/ou distintas de suas vidas. 

O que queremos dizer é que mesmo duas pessoas vivendo as mesmas coisas durante sua existência, não poderiam uma julgar a outra de forma justa, pois nem uma e nem a outra se conhecem, plenamente.

Em suma, podemos concluir que o ato de julgar só pertence a Deus, já que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1:14). “Só Deus conhece o coração do homem” (II Cr 6, 30), pois só ele é “o justo juiz” (Sl 9:5). Portanto, só Ele poderia tecer críticas e juízos perfeitos e justos de nós, homens, porque Ele se fez igual a nós, com exceção do pecado. 

Talvez você esteja criticando neste momento: se Jesus não é igual a mim no pecado, Ele não me conhece bem! Pelo contrário, Ele nos conhece bem porque não pecou, mas somente amou. Logo, resta-nos apenas amar e cumprir o mandato de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amo” (Jo 15,12).

Seminarista Leonardo Ferreira

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