segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Preguiça



Queridos leitores, vou me atrever a fazer uma introdução ao livro “A Preguiça” de Francisco Faus. Alguns trechos foram editados e resumidos exatamente para não me prolongar, não realizar mera cópia e atingir a finalidade de conduzi-los à obra principal.

Suponhamos que estamos em um congresso, e o orador apresente o tema do dia: Preguiça!! Costumeiramente pode-se notar alguns sorrisos vindos da plateia. Já parou para pensar o porquê desta reação quando estamos diante desse assunto? Talvez você também tenha externado um sorriso ao ver a foto do acima. E isso é uma peculiaridade do trato do homem com a preguiça. Por que será então que, só ela, dentre tantos possíveis deslizes que temos no dia, nos faz sorrir? 

Refletindo rapidamente sobre o assunto, podemos verificar que a preguiça encabeça um conjunto de vícios: acordar tarde, deixar de lavar uma louça, estudar de véspera, fazer corpo mole no trabalho, deixar de visitar um amigo, não dedicar tempo aos pais ou aos filhos, não trocar o papel higiênico, correria e mais correria ao ponto de fazermos piada de nós mesmos. Isso não acontece quando tratamos de outros vícios como a ira, inveja, etc. “Quando pensamos nas consequências da preguiça, parecem ter algo de cômico, e ousaríamos dizer até de simpático por não se perder aquele sorriso inicial.”

Entretanto, podemos perceber alguns ramos mais profundos da preguiça, como numa raiz que cresce arrebentando as calçadas e tudo que acima delas foi erguido: vidas amarradas na mediocridade, por não terem se esforçado no momento oportuno, instabilidade financeira devido a irresponsabilidade na administração dos bens, amarguras causadas por filhos cuja educação os pais descuidaram... Nada disso é engraçado.

Aqui já podemos entender que há duas formas possíveis de situar-nos perante a indagação proposta: podemos encarar a vida “como uma missão – grande, bela e árdua – que Deus propõe a cada um de seus filhos, e pela qual vale a pena gastar as melhores energias ou - pode-se encará-la com a mentalidade de um aproveitador. Para este, o que importa é passar bem, usufruir os prazeres da vida, fazer o imprescindível e não complicar-se. Assemelha-se a um mata-borrão que, quanto mais absorve - quanto mais a sua alma se embebe de egoísmo - mais se estraga."

Pois bem, é isto, precisamente, o que nos pode ajudar a entender o que significa a preguiça e porque, muitas vezes, vergonhosamente, nos relacionamentos com este vício como num trato com um animal de estimação: alimentamos, dedicamos tempo, não reprimimos, afinal é “tão fofinho”! Estamos tão íntimos das facilidades e comodismos, como grandes parceiros: uma desculpinha aqui, uma preguicinha ali, um tapa nas costas... O tempo passa e aquele animal já está um tanto quanto selvagem, indomável e agressivo. E não percebemos que nós é quem estávamos presos, amarrados, escravos da preguiça. A este animal – eu e tu – seu destino é ser sacrificado.

Enfim, por hora, não podemos esquecer uma das mais límpidas e preciosas lições que Cristo nos deixou: Quem quiser guardar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de Mim, a encontrará (Mt 16, 25).

A vida exige sacrifícios constantes. Se for para ser sacrificado, que seja para atingir a altura espiritual e moral própria de um filho de Deus, de um cristão. “A luta em si não rebaixa ninguém, mas sim a covardia e a queda” (Santa Faustina). Afinal, “nada atrai mais as almas do que o exemplo de uma vida constantemente virtuosa. Um justo, um homem cumpridor do seu dever, é uma pregação contínua, um estimulante para o coração bem formado, um remorso para o negligente, uma censura para o pecador” (JOSEPH SCHRIJVERS).

Matheus Quintão

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