“Vigilate itaque, omni tempore orantes.”
(Ficai vigilantes e orai a todo momento .)
Jesus neste último evangelho do tempo comum nos faz três exortações, que estão intimamente ligadas ao organismo espiritual de cada um, uma exortação que busca a reordenar o homem em suas faculdades, procurando sempre fazer com que as virtudes teologais sejam amadurecidas. Jesus propõem uma via mística e ascética, um via de salvação que tende a santificar o corpo e a alma do homem.
No evangelho de hoje podemos elencar três elementos que conduzirão a nossa reflexão, e esses elementos possuem uma extrema relevância para a nossa vida espiritual, uma vez que são passos necessários para uma vivencia de santidade. Para explicitar esses elementos, buscaremos também três figuras do evangelho, que nos conduzem a uma melhor reflexão. A primeira figura é a do Coração que é a sede dos desejos, da vontade, pois é do coração do homem que parte todas as suas motivações. A segunda é a alusão do Dia Final, que possui uma dupla realidade e nos remetem ao dia da morte corporal e o dia do juízo final. O terceiro elemento é a exortação de Orar e Vigiar, que nos trás a realidade do corpo e da alma, pois, aquele que ora de certa forma vigia, e aquele que vigia também de certa forma ora.
I – Desde a antiguidade já se dizia que o coração é a sede dos desejos, e com esse entendimento vemos que precisamos ordenar os nossos desejos. Jesus disse: “Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguez e das preocupações (v.34)”. Esse pequeno versículo trás a nós três palavras que são chaves para o início de nossa reflexão. O Excesso, mostra a realidade dos vícios que são avassaladores e arrastam a alma por caminhos tortuosos. A Embriaguez, é uma consequência do vício, e essa rouba a consciência do homem, fazendo com que ele seja cada vez mais dominado por suas paixões. As preocupações, são paixões naturais ao homem, que estão relacionadas a um desejo de segurança, onde o homem busca a sua própria verdade e o seu próprio bem. Por isso, Jesus vai dizer para tomarmos cuidado para que os nossos corações estejam livres dessas paixões, ou pelo menos, senão livres, de certa forma domadas. O homem que domina o seu coração, certamente conseguirá inclina-lo a Deus mais facilmente.
II – Jesus fala de um dia que cairá de repente, e esse dia é o dia final de nossa estadia nesta terra de exílio do céu. E como uma armadilha escondida, nós ao seguir nossos passos podemos nos deparar com esta realidade de morte, que não é o fim, mas a porta para uma nova vida. Mas, esta porta para a vida eterna com Deus só nos abrirá se nesta terra formos fieis praticantes da Lei de Deus. Se caminhamos como o devido, em uma vida de Fé Viva, este dia não nos fará surpresa, pois, já estaremos esperando por ele.
III – O orar e vigiar possui uma integralidade, pois, aquele que ora vigia, e o que vigia, ora. Com isso, vê-se que estas duas realidades intimamente ligadas são propostas por Jesus para que, ao orar com a alma, o homem possa também colocar o seu corpo em vigilância para que o dia do fim não lhe pegue de surpresa. Quando o homem ora, ele está praticando a sua Fé, em um diálogo com o próprio Deus. Assim, também, quando o homem vigia, ele está praticando a virtude da Esperança, onde ele se põem com paciência a esperar com a certeza que este dia virá, e dessa forma, este homem conduz a sua vida como já se participasse da vida eterna, mas como ainda não plenamente, ele espera o dia em que contemplará face a face. E ao praticar a fé e a esperança, automaticamente se está praticando a Caridade, que é o fruto supremo da santidade de vida.
Conclusão:
Queridos irmãos e irmãs, Jesus no evangelho de hoje nos propõem uma via que culminará na vivência plena da Fé, da Esperança e da Caridade. E essas virtudes essenciais para a nossa maturidade espiritual, onde elas nos conduzem nesta terra, nos ensinam a verdade e nos santificam em nosso estado de vida. Para assim cumprir o mandato de Deus: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. E trarás gravadas no teu coração todas estas palavras que hoje te ordeno (Dt 6, 5-6)”.
- O que anseia o meu coração, e onde está fundada a minha fé e esperança?
- Como está a minha oração e vigilância?
- A vida é um brevíssimo segundo, uma chama que a brisa pode a qualquer momento apagar. Por isso, precisamos viver o hoje lembrando do passado e com os olhos no futuro, para no presente vivermos segundo a nossa fé, esperança e caridade.
Seminarista Rafael Augusto
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