“Zachaee, festinans descende, quia hodie in domo tua oportet me manere.”
(Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar em tua casa.)
No Evangelho de hoje, nos aparece a figura de Zaqueu, um homem rico, chefe dos publicanos. Jesus ao passar pela cidade é cercado por uma multidão, e Zaqueu por ser de baixa estatura não consegue vê-lo, e procura um meio de conseguir ao menos avistá-lo, “então ele correu à frente e subiu numa arvore para ver Jesus, que devia passar por ali. Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse: Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar em tua casa. (v.4-5)”
Nesse pequeno trecho da cena do Evangelho, encontramos os elementos que nos indicam a via de conversão que o Senhor quer nos conduzir neste dia. O primeiro elemento é a figura de Zaqueu, o segundo elemento é a arvore em que ele sobe para avistar Jesus, e o terceiro elemento é a casa de Zaqueu.
I – A figura de Zaqueu nos trás dois detalhes, o primeiro é a sua baixa estatura, que é figura de sua pouca fé, o segundo detalhe é consequência do primeiro, pois uma alma que tem pouca fé, alimenta em si um grande apego às coisas sensitivas, e um grande apego material. Esse apego nasce de uma busca por segurança. E assim, aquele que não confia naquilo que não vê e nem se sente de alguma forma, passa a desejar a acumular riquezas. E assim, também vimos que Zaqueu era um homem rico. A sua falta de fé o motivava a buscar as coisas materiais, que lhe causavam somente frustração, e podemos chegar a essa conclusão, pois, aquele que já possui aquilo que ama, nada mais encanta, mas, Zaqueu, ainda estava a procura de sua realização, pois sua riqueza não o pode realizar. Por isso, Zaqueu corre a frente e sobe na arvore, porque ainda buscava a sua realização.
II – A figura da arvore nos remete a outra passagem do Evangelho, que é a passagem de João 15, onde Jesus se compara com a videira. Vê que a conversão de Zaqueu se deu plenamente quando ele sobe na arvore, pois é nessa arvore que ele pôde avistar a verdade. Assim, entende-se que a figura da arvore nada mais é a imagem do Corpo de Cristo, que é a Igreja. E assim, entende-se que toda conversão se dá na Igreja, pois é ela a depositária do depósito da fé. Com isso, é necessário unir-se a essa arvore para conseguir avistar a Verdade.
III – A casa em que Jesus diz que iria ficar, não era só a construção de pedra, mas, sim, a construção de carne, que é o coração. Jesus quer entrar na morada interior de cada homem. Jesus hospeda-se na casa de pecadores, e nós somos esses pecadores, aos quais Ele mesmo quer unir-se. E quando Jesus começa habitar a nossa morada interior, podemos dizer as suas próprias palavras: “Hoje aconteceu a salvação para esta casa”(v.9).
Conclusão:
Queridos irmãos e irmãs, nós somos esse Zaqueu, que muitas vezes possui uma pouca fé, e acabamos sendo motivados a buscar nossas próprias seguranças nas coisas matérias, nos prazeres e satisfações. A falta de fé sempre gera um apego desregrado. Quando encontramos a Cristo, e temos uma verdadeira experiência com Ele, acontece uma grande conversão em nosso interior, onde o principio e o fim de todo mover é o próprio Deus. Com a conversão nós podemos ter a certeza de onde está fundada nossa fé. E a exemplo de Zaqueu, a alma convertida entra em um grande processo de desapego, onde ela deixa tudo para abraçar o Tudo.
- Aonde está fundada a sua fé?
- Quais são os seus apegos?
- Uma verdadeira conversão é refletida em um verdadeiro processo de desapego. (cf. v.8)
Seminarista Rafael Augusto
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