No século III, os cristãos já diziam: Ó Mãe de Deus!

No primeiro dia do ano, a Igreja celebra a Solenidade da toda santa Mãe de Deus, Maria Santíssima, trata-se de uma festa recentemente colocada no calendário romano, pois, desde a Idade Média até 50 anos atrás era celebrada a festa da circuncisão do Senhor, cronologicamente, contavam-se os oito dias após o nascimento do menino Jesus. Antes desta inserção, celebrava-se uma festa da Virgem Maria. Quando se fez a reforma do calendário romano, restaurou-se esta festa antiquíssima. 

A Virgem Maria possui muitos títulos, porém, o título de Mãe de Deus, Theotókos, afirmado pelo Concílio de Éfeso no ano de 431 contra os nestorianos é, sem dúvida alguma, o mais importante. Em 1917, em Alexandria – Egito, foi encontrado e adquirido pela Biblioteca John Ryland, de Manchester (Inglaterra), um pequeno fragmento de papiro de 18 x 9,4 cm, que foi catalogado como Ryl. III, 470, com um belíssimo poema datado do ano 250 d.C., onde os cristãos dos primeiros séculos, das catacumbas, os perseguidos pelos imperadores romanos, declaravam-na Mãe de Deus, sempre virgem e bendita. O papiro diz respeito à mais antiga oração mariana, em latim denominada  Sub tuum praesidium. 

Vejamos o texto original grego e a tradução:

Ὑπὸ τὴν σὴν εὐσπλαγχνίαν,              

καταφεύγομεν, Θεοτόκε.                   

Τὰς ἡμῶν ἱκεσίας,                               

μὴ παρίδῃς ἐν περιστάσει,                  

ἀλλ᾽ ἐκ κινδύνων λύτρωσαι ἡμᾶς,     

μόνη Ἁγνή, μόνη εὐλογημένη.           

Debaixo de tua misericórdia, nós nos
refugiamos, ó Mãe de Deus.
Nossas preces não desprezes nas
necessidades, mas, nos perigos, livra-
nos, tu que és a única pura, a única
única abençoada.

Os primeiros cristãos, mesmo antes de ter a lista dos livros da Bíblia no século IV, já se colocavam debaixo do útero misericordioso de Maria, das entranhas misericordiosas da Mãe de Deus. Façamos como eles, recomendamos para a Virgem todas as nossas necessidades, e que ela nos livre de todos os perigos, pois ela é a única pura (μόνη Ἁγνή), a única bendita (μόνη εὐλογημένη) que engravidou da segunda pessoa da Santíssima Trindade, Jesus Cristo, nosso senhor.

Rezemos: Debaixo de vossa proteção, nos refugiamos, Santa Mãe de Deus! Não desprezeis as nossas súplicas em nossas dificuldades; Mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita. Amém.

Seminarista Bruno Leonardo