No primeiro artigo, vimos que ter fé é um pressuposto básico para que estudemos nossa doutrina. Agora, iniciaremos um caminho de estudo do Credo, essa oração que fazemos nas liturgias dominicais e que, muitas vezes, são pronunciadas com tanta fé, mas com pouquíssimo entendimento do seu conteúdo.
O Credo é a nossa Profissão de Fé, isto é, o conteúdo central das verdades de fé cridas por todos os cristãos de todo mundo e em todos os tempos, desde a era apostólica. Chamamos essa Profissão de Fé de Credo, pois essa palavra, no latim, significa “Creio” e é a palavra com a qual iniciamos a Profissão de Fé: “Creio em Deus Pai todo poderoso...” (Símbolo dos Apóstolos) ou “Creio em um só Deus, Pai todo poderoso...” (Símbolo Niceno-Constantinopolitano). O Credo é a oração pela qual manifestamos nossa adesão à totalidade da fé cristã e a renovamos, em cada semana, na Liturgia da Missa. Quando dizemos “Creio”, renovamos a fé que recebemos e professamos em nosso Batismo e, assim, tornamo-nos cada vez mais integrantes da família dos crentes, ou seja, da Igreja que é a família reunida por Deus, em Jesus Cristo.
O Credo, que professamos todos juntos na liturgia, manifesta a unidade de fé de todos os fiéis. Estamos reunidos num só batismo, numa só fé, numa só Igreja, num só Espírito. O Batismo e a fé que recebemos integram-nos num só corpo, o Corpo Místico de Cristo, a Igreja. Assim, somos inseridos na comunhão com Deus, por Cristo, na unidade do Espírito Santo. A Igreja, então, é o lugar dos que creem em Deus e professam a mesma fé; dos que receberam o mesmo Batismo e celebram os mesmos sacramentos. Só recebendo a fé no Batismo – a fé apostólica, contida no Credo – e professando-a, é que somos inseridos na comunhão da Igreja, que é comunhão com o Deus Uno e Trino e comunhão com todos os irmãos na fé (CEC n. 197).
Portanto, o Credo tem uma importância central na nossa vida de fé. Por isso, é importante nos aprofundarmos no entendimento de cada verdade contida nele, para que ao professarmos nossa fé, tenhamos clareza do que estamos dizendo, conhecimento daquilo que cremos, certeza naquilo que esperamos.
Na Santa Missa, há dois modelos propostos para a profissão de fé: o Símbolo dos Apóstolos e o Símbolo Niceno-Constantinopolitano. O primeiro – atualmente, o mais usado – é a mais antiga Profissão de Fé que temos registro na Igreja e muitos autores cristãos da antiguidade atribuem-no aos Apóstolos; é conhecido como o primeiro catecismo, pois contém o resumo da fé. Já o Símbolo Niceno-Constantinopolitano é do século IV e é, nada mais, que uma explicitação e detalhamento das verdades de fé já expressadas pelo Símbolo dos Apóstolos (CEC n. 193-195).
A importância desse Símbolo é tamanha, que todo o processo de conversão e iniciação à vida cristã, nos primeiros séculos da Igreja, era orientado por um aprofundamento do Símbolo dos Apóstolos, pois tinham a consciência que as verdades de fé que iriam aderir, passariam a orientar e conferir um novo e total sentido às suas vidas. Por isso, temos muitas homilias, catequeses e explicações do Símbolo escritas por grandes santos e doutores da Igreja, que constituem uma riqueza e profundidade inestimável para nós. Por exemplo, Santo Ambrósio de Milão dizia que o Símbolo dos Apóstolos “é o selo espiritual, a meditação do nosso coração e o guardião sempre presente; ele é, seguramente, o tesouro da nossa alma” (CEC n. 197).
Proponho que leiamos a pequena Explicação do Símbolo , escrita por esse santo, que muito pode nos ajudar nesse caminho de aprofundamento da fé e também aconselho ler as Catequeses Mistagógicas de São Cirilo de Jerusalém .
Assim como no Catecismo da Igreja Católica, usaremos o Símbolo dos Apóstolos como caminho e proposta de estudo (CEC n. 196). Nos próximos artigos, iremos aprofundar cada uma das verdades de fé do Credo, de modo que, ao final dessa série de artigos, possamos ter mais entendimento da fé que professamos e nos deleitemos na contemplação das verdades da Revelação que Deus dirigiu a todos os homens, para que se maravilhassem com sua Beleza, Perfeição e Santidade.
Seminarista Gabriel Teixeira
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