O Amor no Matrimônio pode ser dividido em três sentidos, aproveitando a divisão etimológica da Língua e da Filosofia Grega, pode ser abrangido o amor, a saber: Ágape, Fília e Eros.
O amor Ágape é considerado como o amor de Deus, com características de ser integral, ser dom de si, ser desinteressado dos bens e dons do amado ou do amor do amado. Deus possui em si, suas perfeições e não é diferente em relação ao amor. Deus ama mesmo quando o seu amor não é retribuído ou acolhido, Deus é capaz de perdoar e de se fazer vítima sem mancha, para perdoar os pecados de toda a humanidade. Deus perdoou o pecado de toda a humanidade por amor aos homens, mas vinculado a esse Amor se encontra também a misericórdia e a justiça, que são atributos que plenificam o Amor. Como foi visto acima, a relação Trinitária do Amor entre uma pessoa e outra, se dá pelo dom de si, ou seja, uma pessoa se entrega completamente pela outra e assim o Pai gera o Filho e de ambos procedem o Espírito Santo. Ser Dom é a chave do Amor de Deus.
No homem, logicamente, o amor não é pleno de perfeições, mas é semelhante ao de Deus, e por se assemelhar, ou seja, ainda não ser igual, esse deve ir ao encontro do Amor de Deus. No amor entre homem e mulher é natural a atração pela Beleza, pois essa atração não é puramente sexual, mas antes é o reconhecer no outro uma centelha da Beleza Divina. O desejo de complementariedade entre ambos transcende a beleza, os dons, os talentos, as qualidades e até mesmo as características não tão boas. Pois, a pessoa se ama não o que o outro possui como seu dom, virtudes ou beleza. No Amor Ágape o amante busca o que não passa no amado, o que aproxima ambos do eterno.
A contingencia do amante é esquecida, e é valorizado o que não é efêmero. Mas a Beleza ainda continua a atrair a ambos, mas não somente a beleza superficial e material, e sim a beleza de ser dom e vida para o outro.
Há outra realidade de amor que é manifestado primordialmente em uma relação, o Amor Filia. O Filia é traduzido do grego como amizade e possui como suas características: a fraternidade e a pureza.
A amizade é como a primavera onde tudo começa a possuir formas, cores e beleza. É o início de tudo, muitos pensam que um relacionamento não pode nascer de uma amizade verdadeira. Mas ao contrário, é da pureza e da fraternidade que nascem as mais belas relações. Se há virtudes que tem que perdurar em um namoro e principalmente em um matrimonio, essas são a fraternidade e a pureza. Contudo, se as perderem se rompem com outras virtudes, por exemplo, a confiança.
Nada é comparável a um amigo fiel; o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua fé. (Eclesiástico 6, 15). Uma amizade é o que permite o diálogo no futuro matrimonio, é a amizade que permite um ser suporte do outro, é pela amizade que o respeito, o companheirismo e a humildade reinam em um relacionamento. Pois, aquele que se rebaixa em tua presença e se retrai diante de ti, terás aí, na união dos corações, uma excelente amizade (Eclesiástico, 6, 12).
No amor esponsal não pode ser predominante o Amor Eros, mas todos os amores. Contudo, a paixão do Eros dinamiza a relação conjugal. Não só numa relação sexual, porém o Eros é o que abrasa os corações e indica aos amantes a necessidade de retornar a vivenciar o amor maior ou a alegria e a novidade do primeiro amor. Essa dinâmica é aplicável também aos consagrados, virgens e celibatários. Pois neles o Eros é o que os mantem apaixonados e vibrantes na busca de Deus. E é dessa pureza que dinamiza os corações dos consagrados que devem ser o foco erótico entre os amantes.
O Eros simplificado na erotização é uma redução do sentido verdadeiro e pleno do amor. Numa relação conjugal, ou seja, entre esposos, a relação sexual não é o fim da complementariedade, mas é um dos meios que os casais possuem para tal. O Dom do Matrimônio se realiza em três etapas muito significantes, a saber: a etapa unitiva, a procriativa e o prazer dos cônjuges. Vivendo uma dessas isoladamente se cai em exageros e no pecado. Mas, as três são complementares e traz sentido ao amor Eros.
Leonardo Ferreira
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