sábado, 23 de maio de 2015

Pentecostes


Das 3 obras do Espírito Santo
“Ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor a não ser no Espírito Santo.” (I Cor 12, 3)
I – Umas obra de Santificação Interior

O mistério de Pentecostes nos mostra a grande missão da Igreja, que é professar o nome de Jesus em todos os povos, e essa profissão de fé só é possível se nós estiver impelidos pelo Espírito Santo de Deus, pois é ele que nos forma à imagem e semelhança de Cristo.

Cristo em sua vida terrena veio nos mostra o caminho para seguirmos, e ele mesmo disse de si mesmo que era o caminho, a verdade e a vida, e isso, para que nós entendêssemos que a plenitude da vida é a identificação e transformação nele mesmo, para isso nos tornamos cristãos, para sermos outros Cristos.

Jesus em várias passagens já anuncia a vinda do Espírito Santo, e mostra também a missão do Espírito, e diz em certa passagem: “Porém, quando o Espírito da verdade vier, ele ensinará toda a verdade (Jo 16,13)”. Eis ai a missão do Espírito Santo, ensinar as verdades reveladas pelo Filho de Deus. O Espírito Santo é aquele que ilumina pelos dons divinos a alma dos homens, fazendo com que eles compreendam as “parábolas da vida” de Cristo, para que assim conhecendo como verdadeiramente Ele é, possa o fiel configurar-se cada vez mais a Ele, pelas ações, palavras e pensamentos. Como isso, vê-se que em pentecostes o divino Deus vem fazer uma obra de unidade interior, santificando corpo e alma, para que a fé aderida pela alma pudesse ser manifestada pelo corpo em seus atos e palavras.

II – Uma Obra de Santificação Exterior
“Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo. (At 2,3)”

Quando os discípulos estavam reunidos no dia de pentecostes, acontece o grande mistério da unidade do Corpo de Cristo. Ao vir o Espírito sobre eles, começaram a falar em outras línguas, e todos entendiam em sua própria língua. É interessante compreender o que está implícito nesta passagem, pois essa linguagem não era somente em palavras, mas a linguagem do amor que se estende por todo o ser do homem, em seu atos e palavras. Por isso, todos entendiam o que os discípulos diziam, pois suas palavras eram de amor, e essa é a linguagem que no mundo inteiro, independentemente do idioma, todos compreendem.
Esse mistério nos mostra que quando o Espírito Santo santifica o interior, a alma transborda as graças recebidas, e como que um recipiente que cheio transborda, assim é nossa alma cheia do Espírito Santo, que transborda e “molha” tudo que está a sua volta. Assim precisa ser nossa vida, um transbordar da alma, para que o corpo possa manifestar a divina linguagem do amor.

III – Uma Obra de Santificação comunitária
Quando o Espírito Santo vem sobre os apóstolos no cenáculo, acontece ali como que a atualização da ressurreição de Cristo, mas agora em seu Corpo Místico, a Igreja que o próprio Jesus funda (Mt 16,16) é sepultada com Ele em sua morte, e como na ressurreição do terceiro dia, após cinquenta dias, que é um superlativo dos dias que o judeu esperava para que alguém pudesse voltar à vida (que eram três dias), o quinto dia seria o fim sem volta, sem esperança, mas cinco vezes dez, seria o verdadeiro desespero. Entretanto, o Espírito de Deus vem contra todo desespero, e faz do impossível a possibilidade. E assim como a festa de pentecostes para o judeu significava a celebração da colheita e a celebração da entrega da lei ao povo escolhido, da mesma forma em Pentecostes ocorreu verdadeiramente a entrega da Lei do Amor, e a grande colheita, daqueles que estavam dispersos, e cada membro que formava o corpo de Cristo foi animado pelo Espírito Santo, e a Igreja que estava dispersa, foi regenerada dentro do cenáculo.

Por isso, vemos o mistério de Pentecostes como uma obra de santificação comunitária, santificação da Igreja, o Espírito que anima e faz com que o corpo místico de Cristo caminhe e se mova em uma única direção. E quando esse corpo se move como Cristo, fala como Cristo e pensa como Cristo, o Espírito que o move gera frutos de vida e santidade, no interior da Igreja e em sua volta. Vemos o exemplo de Pedro, que após ter recebido o Espírito Santo sai para pregar e ali converte pelo poder de Deus mais ou menos três mil pessoas (At 2,41). Com isso vemos que é o mesmo Espírito que fecunda, cultiva e colhe os frutos de santidade.

Conclusão
Meus queridos irmãos, veem que o Espírito Santo é aquele que gera a convicção do que cremos em nosso interior, de forma que o que cremos não permaneça só no intelecto e o no coração, mas se transforme em vida, em atos e palavras, em fé e esperança para o próximo.
Vivamos plenamente esse mistério de Pentecostes, e sejamos dóceis, para que o Espírito Santo de Deus possa animar os nossos corpos, purificando-o, iluminando-o com os dons do divinos, e nos transformando cada vez mais no Amado Deus em uma união esponsal, que nos torna uma só carne (um só Corpo de Cristo), e uma só alma, animado pelo mesmo Espirito de Deus.

Diác. Rafael Augusto

Bibliografia
TANQUEREY, Pe. Adolphe. Compendio de teologia Ascética e Mítica. 6ª Ed. Porto, Livraria Apostolado da Imprensa, 1958.
GARRIGOU-LAGRANGE, Las tres edades de la vida interior. 3ª Ed. Buenos Aires, Ediciones Desclee, de Brouwer, 1944.
KEATING, Thomas. Frutos e Dons do Espírito. 2ª Ed. Aparecida, SP: Editora Santuário, 2010.


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