O livro “Os Miseráveis” de Victor Hugo é uma narrativa extensa, repleta de beleza poética, simplicidade e sensibilidade humana. O autor oferece aos leitores uma descrição dramática e metafórica do coração, da fé cristã e do desenvolvimento próprio da vida da fé em seus altos e baixos.
O drama da salvação do homem pela Graça e pelo Amor divino que leva à Lei à plenitude, como ensina Cristo no evangelho, é representado no livro por três figuras principais: o miserável e pecador, Jean Valjean, o zeloso e implacável inspetor de polícia, Javer, e o gentil e ingênuo bispo, Dom Myriel.
A história de pobreza, crime, prisão, humilhação, misericórdia, arrependimento e, por fim, amor e redenção de Jean Valjean indica, de forma sensível, como a bondade e a misericórdia de Deus não faz acepção de pessoas, mas volta-se àqueles que são e que se reconhecem “miseráveis”.
A personagem do Inspetor Javer recorda-nos da necessidade do homem, fechado em si mesmo e na sua noção de justiça a qualquer preço, de deixar-se transformar pela Graça e pela Misericórdia de Deus que se mostra em todos os miseráveis, em todos os homens e as terríveis consequências de não o permitir.
O personagem de Dom Myriel proporciona-nos um dos momentos mais emocionantes do livro. Na figura simples e humilde do bom bispo – também chamado de Dom Benvindo – Victor Hugo expressa toda a força do amor que se doa aos outros, sem medir as consequências de sua entrega, e, por isso, permite o dom da conversão pelo amor.
Ao longo do livro, cada um dos inúmeros personagens que surgem são expressões que o coração do homem pode assumir diante da vida e suas exigências e da ação divina. A obra, em sua beleza e grandeza humana, nos permite aproximar-nos da caridade, verdadeira e sincera, que nasce do coração que é capaz de compartilhar o sofrimento e a miséria do homem.
Seminarista Pablo de Freitas
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