sexta-feira, 13 de março de 2015

A biografia genérica: Boyhood

Se em 2013 tivemos “12 Anos de Escravidão” em 2014 tivemos 12 anos de vida, ou melhor: “Boyhood”. A obra que ficou conhecida como “o filme dos 12 anos” pode até ser um dos atrativos, mas não o que a torna primorosa.  


O diretor do filme, Richard Linklater gosta de usar, como estrada, o tempo em suas obras. A famosa trilogia do “Antes”: “Antes do amanhecer”, “Antes do por do sol” e “Antes da meia noite”, já mostrava que o diretor sabe lidar com esse atributo (o tempo) como a maior personagem. 


O filme conta a história de um casal de pais divorciados (Ethan Hawke e Patricia Arquette) que tenta criar seu filho Mason (Ellar Coltrane). A narrativa percorre a vida do menino durante um período de doze anos, da infância à juventude, e analisa sua relação com os pais conforme ele vai amadurecendo. 

A obra inicia apresentando-nos um Mason de apenas sete anos de idade e termina com o mesmo, ao menos essencialmente, com seus 18 anos.  Ao longo do filme vamos vendo a maturação, o crescimento de um jovem que poderia ser qualquer um de nós. 


O maior atrativo do filme são as situações vividas pelas personagens, as quais, muitas vivemos durante a vida, como o ir ao lançamento do livro novo do “Harry Potter”, as brigas na escola, os confrontos familiares, dentre as mais diversas tramas correntes na vida de um jovem. Por mais que algumas situações se mostrem alheias aos cristãos, muitos temos amigos que passam por semelhantes problemas.

Mason ganha sua primeira Bíblia aos 15 anos de idade e parece nunca ter sido introduzido na vida de fé. Muitas famílias atuais vivem essa realidade. A fé deve ser transmitida. Como sempre frisava São João Paulo II: a família é a Igreja doméstica. 


 Por mais que o filme não reflita a vida de uma família cristã, gera uma grande reflexão, uma grande nostalgia. A obra prega o valor das coisas pequenas, das coisas comuns da vida que, muitas vezes, se transformam em rotina, caem no esquecimento, porém, Deus, a cada dia, nos dá uma nova chance de fazer novidades, de darmos o nosso melhor, afinal se somos fiéis no pouco Ele nos confiará muito mais. 

O roteiro do filme é simples e é isso que o torna grandioso. “Boyhood” é paradoxal.  As qualidades técnicas são soberbas por refletir a simplicidade da vida. Destaque especial para a emocionante trilha sonora. A duração é de aproximadamente três horas, mas que poderia alcançar seis, sete horas, pois com a leveza presente na totalidade do enredo não percebemos o tempo fora do filme. 

Apesar de um homem-pássaro ter roubado, em um dos seus voos, o Oscar de Melhor Filme, “Boyhood” é o melhor filme do ano, ou até mesmo, um dos melhores da vida.  Faraônico, grandioso, majestoso, uma obra-prima do cinema atual, que nos ensina a valorizar as coisas simples da vida. 

Seminarista Kayo B. Carlos

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